28 de dezembro de 2019

É de família!



Pausas em família, em formato mais ou menos alargada, são sinónimos de jogos. Sempre foram! Preenchendo tardes ou noites, às vezes tardes e noites, raramente manhãs.

Um saco de um lado, outro saco de outro, com caixas com alguns sinais de uso e, também, com outras ainda novas, por estrear. Lá dentro, jogos ligeiros ou nem tanto, curtos ou mais demorados. Opções variadas, adequadas ao tempo entre refeições e entre passeios, à disponibilidade da mesa maior, e ao número de jogadores.

E assim foi, por estes dias natalícios! Desta vez com mais estreias do que repetições.


Michal Golebiowski, Jetpack Joyride, Cracóvia: Lucky Duck Games, 2018


Dos videojogos para a mesa de jogo. Uma corrida em tempo real, sem turnos, para conseguir sair dos laboratórios. Apanhar uma peça e colocá-la de forma a guiar o nosso aventureiro. Rápido! Recolher moedas, evitar obstáculos, cumprir missões. Olho, mão, percurso. Mais depressa do que os outros. Congela! Todos param, por um instante, menos quem deu a ordem. Siga! Recomeça a corrida. Pressão é o nome do jogo. Diversão garantida. Uma das últimas colaborações de 2019, para disponibilizar regras em português.


P. Vojtech e J. Pavlásek, Whales Destroying the World, Liberec: Time Slug Studio, 2019


De uma das últimas para a primeira tradução, quando este jogo de cartas estava ainda em fase de campanha no Kickstarter. As baleias estão a formar exércitos para invadir e destruir o mundo. Cabe aos superespiões evitá-lo. Mas quem é quem? As identidades são secretas! O bluff impera. Formam-se grupos de baleias, que podem ser dispersos. Há super-heróis a ajudar os espiões. Há tartarugas pacifistas. Um jogo de cartas que permite reunir até 6 baleias, perdão, jogadores à volta da mesa.


Jean-Louis Roubira, Dixit, Poitiers: Libellud, 2008-2012


Cartas ilustradas. Imaginação à solta. Um narrador por turno, dizendo uma frase, uma palavra ou mesmo um som, associada à carta que escolheu em segredo. Que será misturada com as cartas selecionadas por cada jogador, com base no mesmo mote. Quem adivinhará a carta do narrador? Quem o conhece melhor? Mas atenção, que se todos acertarem, ou se todos falharem, o narrador perde! Há que medir bem a pista. E quem conseguirá levar os outros a escolher a sua carta, em vez da do narrador? Sempre um favorito para jogos em grupo.


Póquer


Há, por tradição, uma sessão longa, onde cabe o Risco ou o Póquer. No verão foi o Risco. Agora foi a vez do Póquer. Jogo a eliminar, tentando ler os adversários. Small blind, big blind. Jogo de paciência, em que é preciso saber esperar. Pass. Jogo em que é preciso resistir à tentação de estar sempre em ação, em que é preciso resistir à curiosidade. Fold. Jogo de observação, de cálculo, de probabilidades, de ganhos e de perdas potenciai e reais, de posição na mesa. Variar, improvisar. Sentir o toque das fichas, o som destas sobre a mesa. Raise. O momento da verdade, de confrontar as mãos, de aprender, de tirar conclusões, ganhando, perdendo ou até empatando. Golpe de fortuna. Bluff. Receio. Prudência. Risco. Certeza. Call.


M. Kiesling e A. Schmidt, Heaven & Ale, Hamburgo: Eggert Spiele, 2018. Mas Que Oca.


Mais uma estreia, este jogo de monges cervejeiros. Fazer a melhor cerveja requer um mestre cervejeiro capaz e ingredientes de primeira qualidade e, acima de tudo, em mistura equilibrada. Não vale de muito ter uma excelente cevada, se a água é fraca. É preciso dinheiro para adquirir ingredientes, mais dinheiro para melhores ingredientes. Depois, há que saber onde os colocar no campo, à sombra, para vender obtendo dinheiro, ou ao sol, para que se desenvolvam, melhorando a nossa bebida. Também é preciso ter monges a trabalhar nos campos. E, ainda, recolher barris. Muitas opções em que todos competem pelos mesmos recursos, e em que a colocação e o momento são essenciais. A repetir, sem dúvida, que uma partida serve apenas para aprender! E depois, temos a expansão em que, além de tudo o resto, é ainda preciso distribuir a cerveja, de carroça, pelas tabernas.


Há mais uns quantos para estrear, mais um acabado de chegar, e muitos mais para repetir, em próximas sessões. E talvez tenha de arranjar uns jogos para mais de 6 jogadores!

21 de dezembro de 2019

Em busca do conhecimento - Ep. 10: De volta a casa



De volta a casa. Depois de um caminho com muitos nomes. Depois de uma viagem em busca do conhecimento, em busca de mais conhecimento. Tanto fora como dentro de mim. Sobre este mundo e sobre outros. Sobre o que vemos e sobre o que apenas intuímos.

Olho para a estante, agora mais repleta de livros, relatando uma parte da história, fazendo também eles parte desta mesma história. Transportando o saber transferido dos mestres para as páginas, e das páginas para outros mestres, para aprendizes, para os aprendizes que somos sempre. Através da terra e através do tempo. Feitos presente e feitos memória.




Olho para trás. Vislumbro, na distância, o ponto de onde parti.

Este é, afinal, igual mas diferente do ponto a que agora regressei. Sim, ainda está no mesmo sítio em que o deixei. Há ruas e casas que parecem as mesmas, apenas um pouco mais velhas. Mas a cidade mudou, as pessoas mudaram, os usos e as modas já não são exatamente iguais. E talvez eu tenha mudado ainda mais, na forma de olhar, de perceber e de estar neste mundo.

Efeitos do caminho, dos encontros, das conversas, das experiências, das leituras, dos pensamentos, das companhias, da solidão. Resultado dos conhecimentos com que me fui cruzando, dos conhecimentos que passaram a fazer parte de mim.

Olho para trás. E vejo o longo caminho percorrido.




Esta viagem termina, aqui. Pelo menos no que diz respeito aquela que é feita de estradas, carruagens e estalagens. Há outra viagem que continua, enquanto a mente o permitir. Em busca do conhecimento. Para desvendar os mistérios, para partilhar o saber, para o por a uso. Em busca de mais conhecimento. Ainda.

Fim.


Foi uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.

19 de dezembro de 2019

JAM na Croácia

Nemesis sobre a mesa, na Croácia, por Una Montag


Jogando na Croácia.
Ou no espaço exterior.
Tentando sobreviver aos alienígenas.

Obrigado Una!


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17 de dezembro de 2019

Atrás da câmara

Quoridor


Cluedo


Concordia


Carcassonne


Apenas algumas fotos, de mais um Encontro de Jogos de Tabuleiro, ontem acolhido pelo Centro Universitário de Fé e Cultura, em Aveiro. Com alguns clássicos sobre a mesa.

15 de dezembro de 2019

Em busca do conhecimento - Ep. 9: Na presença dos mestres



Os nomes e os rostos desfilam na minha mente, como se de velhos conhecidos se tratassem. Cruzam-se comigo numa estante de biblioteca, num livro, numa lição, numa conversa, num discípulo, num rascunho à minha secretária. Noites e dias, meses, anos, décadas, séculos de conhecimento. Criado, anulado, recriado, negado, desenvolvido, acumulado, acrescentado, transmitido. Através do tempo e das geografias. Até nós. Até mim!

Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, que provavelmente conheceis apenas pelo seu pseudónimo, Paracelso. Aprendeu com os monges, estudou na minha Alma Mater, Basileia, viajou, também ele em busca de mais. Cruzando a medicina, a alquimia, a física e a astrologia.

Galileu Galilei, que a partir de Pisa, Pádua e Florença, viu mais longe. Observou crateras na Lua, satélites em Júpiter e manchas no Sol. Um mensageiro sideral, Sidereus nuncius, como reza uma das suas obras.  E viu diferente, tentando colocar a Terra, e os terrestres, no seu devido lugar, apesar do sistema e das crenças estabelecidas.

Blaise Pascal, enredado na matemática, no cálculo, no cálculo das pequenas partes. Teorizando sobre probabilidades, ao que parece a propósito de amigos e de questões sobre jogos. Sorte e azar, resultado, ganhos e perdas, o bom e o ótimo. Juntando mecânica e cálculo, numa máquina nova, La Pascaline.  Prosseguindo trabalhos sobre pressão e vácuo, na senda de Torricelli.

Margaret Lucas Cavendish, Duquesa de Newcastle-upon-Tyne. Mulher pioneira neste mundo, sobretudo, de homens. A primeira a ser convidada para encontros da Royal Society. Naturalismo em vez de mecanicismo. Levando-nos sua ficção em Blazing World, com uma mulher como protagonista, a outros mundos, através do Polo Norte, com animais falantes e com submarinos.

Gottfried Wilhelm Leibniz, que começou por se dedicar ao estudo da matemática e da física, mas cujos interesses e contributos foram tão vastos que é difícil aqui enumerá-los. Talvez não saibam que foi bibliotecário, vivendo entre livros, procurando alargar coleções e também ordená-las. Racionalmente, filosoficamente, ele acreditava que este nosso mundo, criado como foi, não senão o melhor de todos os mundos possíveis.

Maria Margarethe Winkelmann, Kirch pelo casamento, apaixonada pela observação e pela astronomia, numa época em que muito do estudo e da ciência estava vedado às mulheres. Descobriu, ela própria, um cometa durante os seus trabalhos com o marido, astrónomo e matemático reputado. Nas palavras dele "O céu estava limpo e estrelado, de madrugada. Algumas noites antes eu observara uma estrela variável, e a minha esposa queria procurá-la e encontrá-la. Ao fazê-lo encontrou um cometa. Nesse momento acordou-me e eu verifiquei que era, de facto, um cometa. Fiquei surpreso por não o ter visto na noite anterior." (*).

Fahrenheit. Daniel Gabriel. Entre a ciência e a tecnologia, físico e criador. Desenvolvendo, testando, aperfeiçoando. Dando formas ao vidro, ele que sabia como o soprar. Fazendo instrumentos, preocupando-se com o rigor das medidas. Tendo tomado conhecimento de trabalhos sobre as propriedades do mercúrio, vislumbrou como melhor medir a temperatura, substituindo, nos termómetros, o álcool por este material.

Nomes, entre muitos outros, que vieram antes destes ou com eles.
Nomes, a que se seguirão muitos mais.

(continua)


Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.

(*) Tradução livre a partir de https://thelifeofmariawinkelmann.weebly.com/a-comet-is-discovered.html
Consulta: Wikipedia

3 de dezembro de 2019

JAM em Nova Iorque

Union Square, Manhattan, Nova Iorque, fevereiro de 2012, por Miguel Coutinho


De uma conversa à volta de jogos ao nome do blog.
Do nome do blog a uma memória de viagem.
A cores. E a Preto e Branco.

Obrigado Miguel!


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1 de dezembro de 2019

Em busca do conhecimento - Ep. 8: À secretária



O material com que buscava o conhecimento ia reclamando o seu espaço, sobre o tampo da secretária e no interior das suas gavetas. Por vezes com algum sentido ordem, de prioridade, de urgência, de novidade. Outras pelo acaso de uma sacola despejada no final de mais um dia. Outras ainda pelo efeito da procura de uma memória, de um vislumbre, de uma ligação inesperada. Manhãs, tardes e noites, por vezes quase indistintas, lá fora, sob o céu pesado, como cá dentro.

Numa arcada distante, o relógio da torre faz soar seis badaladas e cala-se em seguida. O jovem deixa-se cair pesadamente na cadeira e encosta a cabeça à secretária. Veio para o escritório de madrugada, depois de mais uma noite atribulada. (…) Na penumbra que envolve toda a sala, as secretárias recortam-se sombrias e abauladas, lembrando corpos de grandes animais adormecidos. (*)

Os livros, receitas e poções, resultantes das últimas lições, ainda à espera de um novo olhar, mais atento e demorado, ocupam uma boa parte da secretária. Umas moedas espalhadas, sobre o canto direito, fruto do trabalho realizado. Numa gaveta, à esquerda, as notas para as próximas aulas que darei, e o registo dos recebimentos. Outras duas com cadernos de estudo. Ainda na fiada de cima, uma com a correspondência trocada com os meus estudantes, discutindo os seus progressos e descobertas. Mais abaixo, o diário de viagem e o roteiro dos caminhos a seguir.

(continua)


Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.

(*) Os Sonhos de Einstein, Alan Ligthman, Edições Asa, 3ª Edição, 1996.

28 de novembro de 2019

C de CO2 e Cerebria



Terceira letra. C.
Dois jogos. Cerebria e CO2.
Um objetivo. Levá-los “à mesa” durante dezembro.

C.
Clima.
Cores.
Cérebro.
Criatividade.
Competição.
Colaboração.
Complexidade.

Com V de visto em todas as caixas.

Imersões profundamente temáticas. CO2, no mundo exterior, que vamos fazendo. Alterações climáticas, emissões e a energia que utilizamos diariamente. A remeter para outras das minhas vidas, no meu passado de Engenharia do Ambiente e de trabalho sobre poluição atmosférica, de volta de modelos de qualidade do ar, participando em projetos ligados às principais centrais de produção de energia, Sines, Pego, Tapada do Outeiro, e a projetos de incineração de resíduos. Cerebria, no mundo interior, de que somos feitos. Sensações e emoções, melodia e harmonia, tensão e distensão, luz e penumbra, sobreposição, controlo, confronto, supremacia, resultado, personalidade. Moldando ou sendo moldado. Uma experiência de todos os dias.

Objetos que apetece apreciar. A conceção dos tabuleiros, das peças e das cartas. As formas e as paletes de cor. Os símbolos e os códigos. A funcionalidade, o modo como tudo se liga e faz sentido, de forma elegante, à medida que vamos aprendendo.

Manuais de elevada qualidade, que apetece ler. Pelo menos para mim, que sou fã das instruções escritas. Tipo de letra, caixas, cores, ilustrações, exemplos. Está tudo lá, em primeira impressão.

Modalidades para gostos vários, alargando o leque de possíveis jogadores. Modo cooperativo ou competitivo. Com ou sem cenários. Com possibilidade de jogar a solo, o que é imprescindível para mim em jogos desta natureza, para os quais nem sempre é fácil encontrar parceiros ou acertar agendas.

E, por último, mas não em último, elevada complexidade. São daqueles que requerem vontade, algum esforço e tempo. Para aprender, para dar a conhecer de uma forma cativante e para jogar.

Espero em breve ter mais para contar!

26 de novembro de 2019

Noite GBA



De volta à estrada, de volta à bicicleta, para uma prova de Flamme Rouge. Com a Avenue Corso Paseo no menu, uma etapa completamente plana, e oito ciclistas à partida, representando quatro equipas, uma das quais estreante no circuito internacional.

O início foi lento, com o pelotão a rodar compacto, encabeçado de início pela equipa azul. Ninguém parecia querer tomar a iniciativa. E assim se passou praticamente todo o primeiro terço de prova. Até que se deu o ataque da equipa vermelha, isolando na frente os seus dois ciclistas, e obrigando à perseguição dos restantes. O pelotão voltou a agrupar-se, já à entrada das últimas curvas, embora com alguns ciclistas a mostrarem o desgaste da etapa. O sprint final foi equilibrado, com uma vitória apertada do sprinter vermelho!

Asger Harding Granerud. Flamme Rouge. Lautapelit.fi, 2017. MEBO Games. Lda.


Flamme Rouge exibiu, uma vez mais, o seu notável equilíbrio, em que o suspense se mantém quase sempre até final, e em que raramente alguém fica fora de competição. Um jogo que se prepara e aprende em menos de 10 minutos, e que demora cerca de 45 minutos.

É possível fazer outros percursos, introduzir subidas e descidas, adicionar os efeitos do vento e da chuva com a expansão Meteo, aumentar o número de ciclistas com a expansão Peloton, ou mesmo, porque não, modificar algumas regras.


Uwe Rosenberg e Corné van Moorsel, Nova Luna, Pegasus Spiele, 2019.


Da estrada passamos à Lua, Nova. Apanhando peças. Limitado pela posição da Lua, que se move, e das escolhas dos outros jogadores. Fazendo a Lua mover-se. Avançando um pequeno passo, para jogar mais vezes, ou dadno um salto gigante, para recolher “a” peça.

Colocando peças. Fazendo com que os alinhamentos de gemas centrais correspondam, em termos de número e de cor, às combinações que figuram em cada peça, de forma a cumprir os objetivos.

Um belo quebra-cabeças, nada evidente, requerendo uma constante adaptação e muita atenção. De início é fácil ficar com os olhos trocados!


Oleksandr Nevskiy, Clube Detetive, IGAMES, 2018. MEBO Games Lda.


Regressando à Terra e ao contacto com outros seres humanos. Contando histórias, ligando palavras e imagens, fazendo bluff, tentando ler os outros e descobrir quem estava de fora do segredo inicial. Clube Detetive.

Com cartas a fazer lembra o Dixit, mas com processos distintos, é um daqueles jogos adequados para mais jogadores, em ambiente de muita descontração, dando largas à imaginação e exigindo rapidez de associação.


E foi assim, em mais um serão organizado pelo Grupo de Boardgamers de Aveiro, tendo por companhia o Carlos Abrunhosa, o Nuno Rebelo e o Pedro Chuva.

Até à próxima!

24 de novembro de 2019

Em busca do conhecimento - Ep. 7: Lições



As lições sucediam-se. Voltava a sentir-me como os meus próprios estudantes, saltando de aula em aula, de mestre em mestre, entre a teoria mais longínqua e a prática mais próxima.

Umas eram sobre novas matérias, outros tantos olhares diferentes sobre o mesmo mundo, começando quase pelo princípio, pelos princípios, pelos termos e conceitos, pelo que há de mais básico. Tateando, testando, experimentando, alargando a base. Nem sempre compreendendo de imediato o quê e o porquê. Por vezes buscando, demasiado cedo, uma utilidade para o saber.

Em muitas outras sentia já que me embrenhava, cada vez mais profundamente, num caminho estreito, focando, entrando no domínio dos especialistas. Ascendendo de nível. Entendendo a complexidade que faz as coisas serem, afinal, mais simples. Participando em sessões que ainda há poucos anos, ou mesmo só alguns meses, seriam totalmente incompreensíveis, como se faladas em língua alheia.

Mas, ainda mais do que estender as linhas horizontais ou progredir na escala vertical, interessava-me cada vez mais pelos caminhos oblíquos, aqueles que permitem cruzar vários domínios e vários níveis, misturando saberes. Olhar para o natural de uma forma abstrata, e para o abstrato com os olhos da natureza, juntar uma pitada de arte, aqui e ali, questionar, saltar barreiras, contornar ou confrontar os que aparentam ser donos senhoriais de alguns destes domínios

Porém, foi só na era newtoniana que esta nova coabitação [entre a Física e a Matemática] conduziu a um casamento genuíno. Os “Principia” de Newton, escusado será afirmá-lo, eram uma obra matemática par excellence (...). No mínimo dos mínimos um estudante de Física precisava de estar bem preparado em Geometria de secções cónicas e, de preferência, também em cálculo. Como resultado disso, a partir do momento em que a Cosmologia de Newton começou a ser tomada a sério nas universidades da Europa continental, o curso de Física teve de ser prefaciado pelo ensino pormenorizado da Matemática. (*)

Tanto por saber, tanto para aprender, tanto para ensinar, tanto para descobrir. E tanto tempo que é necessário! Uma tensão permanente entre aprender algo diferente, algo novo, ou aprofundar um caminho já iniciado. Entre o todo e apenas uma parte. Entre ouvir muitos mestres ou discutir, quase de igual para igual, com apenas um ou dois.

Apercebo-me que estes dilemas não são só meus, mas também dos próprios mestres. Debatem-se com o que ensinar, como ensinar, em que sequência. O que é mais relevante e o que pode ser acessório. Tendo eles opiniões diversas sobre o fundamento e o método, sobre o papel de cada disciplina, sobre o uso do tempo.

Não sei se estas questões terão resposta durante o próximo século, o dezanove, que já se avizinha …

(continua)


Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.

(*) História da Universidade na Europa, Vol. II – As Universidades na Europa Moderna (1500-1800), Coordenação de Hilde de Ridder-Symoens, Imprensa Nacional Casa da Moeda (2002).

16 de novembro de 2019

Em busca do conhecimento - Ep. 6: Parte da árvore que cresce



Esta semana recebi correspondência de dois dos meus estudantes, dos tempos de Paris e de Cambridge!

É à distância que vou acompanhando os seus estudos, os seus progressos, as suas explorações e, em breve, estou certo, as suas próprias descobertas. À distância e com o atraso que se deve, por vezes, à escrita das cartas e, mais frequentemente, ao tempo que estas demoram a chegar ao seu destino. A minha própria demanda, e a frequência com que troco de cidades ou mesmo de reinos, torna o acompanhamento ainda mais difícil.

Talvez um dia venha a ser possível conversar à distância, como estando na mesma sala …

Agrada-me pensar que ainda consigo guiá-los no caminho do conhecimento, agora mais através de pistas e de questões que coloco, do que transmitindo o meu saber. Como o meu mestre fez comigo.

O que Descartes fez foi um bom passo. Vós adicionastes muito de várias maneiras, e especialmente ao considerar as cores de placas finas. Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes. Mas eu não questiono que tenhais feito várias experiências significativas, para além das que haveis publicado, e algumas, é bem provável, idênticas aquelas que cosntam das minhas publicações mais recentes (tradução livre a partir de *)

Colocando de parte o que pode ser uma fina ironia, própria da acrimónia que sei ter existido entre Newton e Hooke, e da preferência que tinham pela discussão privada sobre o debate público, prefiro substituir a imagem dos gigantes que nos antecederam, no caminho do conhecimento, por algo mais orgânico, pela imagem de uma árvore que cresce.

Uma árvore que vai crescendo, com novos ramos procurando a luz, folhas e até flores, sementes que voam com o vento, que alcançam novas alturas nas asas de um pássaro, e que na terra propícia originam novas árvores. Também ramos que morrem, folhas que amarelecem e caem, tornando-se parte da terra que sustenta.

(continua)


Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.

(*) Koyré, Alexandre. “An Unpublished Letter of Robert Hooke to Isaac Newton.” Isis, vol. 43, no. 4, 1952, pp. 312–337. JSTOR, www.jstor.org/stable/227384.

14 de novembro de 2019

Encontros



No ano passado foi a primeira visita, só de passagem, para ver o ambiente e espreitar uns quantos jogos, sem tempo para ficar, sem tempo para jogar.

Agora, um ano de caminhada depois, foi muito diferente! Naturalmente vendo jogos, novos ou antigos, desconhecidos por completo ou conhecidos da mesa, apenas de nome ou das notícias.

Mas, também, e cada vez mais, os encontros. Alguns pela primeira vez; outros são reencontros, de quem partilha os mesmos lugares; outros ainda passando do virtual real das redes, dos fóruns, dos blogs, dos canais, das mensagens, para o real real. Tempo para conversa e para histórias, sobre os jogos, as criações, a divulgação, a indústria. Sobre o passado, o presente e os futuros

Foi ainda a oportunidade para realizar testes de um protótipo, para a Weird Giraffe Games, com diferentes tipos e número de jogadores, bem como para experimentar um protótipo, já em estado avançado, o segundo jogo da CardsLab, pela mão de Pedro Gordalina.

E, desta vez, também, para jogar! Primeiro Tiny Towns, um jogo editado este ano, numa partida a 5. De seguida, e com a passarada do Wingspan indisponível, jogou-se Tzolk’in - o Calendário Maia e as suas rodas dentadas originais. Obrigado Vasco Chita, pelo eficiente tutorial!

Ficou por jogar o Newton, um pedido do João Neves, porque a sala estava lotada, não havendo qualquer espaço disponível … Resultado de uma casa cheia num sábado à tarde. E ficou por experimentar uma das mais recentes produções nacionais, Porto, de Orlando Sá com a MeboGames.

Onze horas na Invicta Con 2019, uma organização do Grupo de Boardgamers do Porto, no Multiusos de Gondomar.


Teste do protótipo de Gift of Tulips, da autoria Sara Perry, para Weird Giraffe Games


Protótipo de Zookeepers, Pedro Gordalina, CardsLab


Tiny Towns, Peter McPherson, Alderac Entertainment Group, 2019


Tzolk'in: O Calendário Maya, Simone Luciani e Daniele Tascini, Czech Games Edition, 2012




Na rota das convenções segue-se a Augusta Con, em Braga, de 13 a 15 de dezembro.

5 de novembro de 2019

"Nem todos os que vagueiam estão perdidos"

Cerebria, MindClash Games, 2018

Há um ano terminava a contagem decrescente.
Há um ano começava este blog.
Iniciava a viagem.
Vagueando pela terra dos jogos.
Sem me preocupar aonde ela me levaria.
Sem saber o que poderia descobrir.
Sem saber quem encontraria.

Um ano de viagem.
Um ano de emoções.
Como na imagem e nas palavras.
Em intensidades, doses e efeitos variáveis.
Ao sabor dos dias ou até das horas.

Comfort. Insecurity. Euphoria. 
Loneliness. Trust. Bleakness. Sociability. 
Lethargy. Safety. Pessimism. Freedom. Doubt. Passion.




O caminho começou na zona de conforto, a solo, criando um novo blog. Com elementos distintos das Notas, que contam já com mais de dez anos. Adicionando à escrita, os jogos e as fotos. Três coisas minhas. Como quarto elemento, as línguas. Evitando a escolha, mais simples, entre o inglês e a língua mãe. Duplicando o trabalho, criando versões gémeas, em inglês e em português. Para partilhar com mais pessoas. A manter! E a que se somaram contactos, cada vez mais frequente, em espanhol e, esporadicamente, em francês. Comunicando com mais viajantes.

Uma parte extensa da caminhada é feita no virtual, que é também real. Nas redes que alteram o espaço-tempo. Que anulam umas fronteiras, ainda que criem outras. Que multiplicam as possibilidades, até ao risco de sobrecarga. Que implicam opções, quanto ao quem, como, quando, com que proximidade. No Facebook, agora alargado aos grupos temáticos; no Twitter, em conta criada para o efeito; no Kickstarter, por onde passam primeiros projetos e empresas estabelecidas; e, à medida dos encontros, no Reddit, Discord, Tabletopia.


InvictaCon 2018


Os jogadores juntam-se à volta das mesas. Toca-se em peças, cartas, dados, tabuleiros. Em casa, com amigos, como no mundo em que cresci e em que o acesso a novos jogos era limitado. Agora a terra dos jogos é muito maior, com muito mais habitantes, com muitas mais espécies, muito mais acelerada, estendendo-se por cafés, clubes e convenções.

Ainda cedo, neste percurso, surgiu a passagem fugaz pela InvictaCon. Aperitivo para outros encontros, já em 2019, na LeiriaCon, em ambiente muito internacional, e na RiaCon. E, mais para o Verão, os encontros regulares organizados pelo Grupo de Boardgamers de Aveiro. Gondomar, Leiria, Estarreja e Aveiro, entre outros. Geografia com jogos, para repetir e alargar!

Continuando a vaguear fui ter a outras paragens.


Moon, Pablo Garaizar, 2019


Vendo jogos em vários idiomas, pensei que poderia contribuir para aumentar a presença do Português, tornando os jogos acessíveis a mais pessoas, para quem a língua pode ser uma barreira ou, pelo menos, diminuir a apetência. Isto, mesmo considerando a pequena dimensão do mercado em Português de Portugal.

Começou então uma outra fase, atrevendo-me a iniciar contactos. Que tal uma versão das regras em Português? Alguns silêncios, muitas negativas, alguns "talvez ..." e "se", mas também várias respostas afirmativas! No início foram as baleias, dando alguma confiança. Seguiram-se vários projetos. Alguns tornaram-se já, neste curto intervalo de tempo, contactos regulares. Por coincidência, chegou-me hoje mesmo o resultado de um destes projetos. Tinha chegado à Lua!

De forma natural brotou uma nova ramificação, baseada na experiência de ROT, Revisor Oficial de Textos como designávamos entre nós, num grupo restrito: a revisão ou edição de regras.

Depois, o envolvimento na própria criação dos jogos, com comentários aos conceitos e mecanismos, em fase de desenvolvimento, e o teste de protótipos, em fases mais avançadas.

E também o papel de júri, num concurso para novos projetos.

Ao todo, mais de quarenta colaborações, o que representa muito mais pessoas.

Se continuar a vaguear tempo suficiente talvez possa alcançar outros dois níveis, que sei que estão por aí, na terra dos jogos: a elaboração de raiz de um livro de regras e a conceção própria de uns quantos jogos, cujas ideias estão em maturação.

Muito passou desde aquelas tardadas de finais dos anos 70-80, e dos meses de férias, recriando competições desportivas ou conflitos militares. Mas algo permaneceu inalterado!




Em paralelo, a coleção de jogos foi também aumentando, entre novas aquisições, resultado de algumas das colaborações, ofertas ou até mesmo de um instante de sorte numas rifas! São umas duas dezenas de novos mundos, alguns dos quais ainda por experimentar. Até porque, como resulta da intensidade que a viagem foi adquirindo, o tempo para parar e para jogar nem sempre abunda.

Foram muitos os encontros ao longo deste ano, entre Autores, Ilustradores, Escritores, Criadores de conteúdos, Editores, Gestores e, claro, Jogadores, espalhados pelo mundo! Não os vou enumerar agora, mas certamente irão aparecendo por aqui, neste blog, A Preto e Branco.

"Nem todos os que vagueiam estão perdidos", O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien.

29 de outubro de 2019

Noite com jogos



Desta vez no CUFC-Centro Universitário de Fé e Cultura, bem junto à Universidade, e que se torna assim numa terceira sede para os jogos de tabuleiro na região de Aveiro, juntando-se a S. Bernardo e à Borralha, Águeda. Mesas bem preenchidas e animadas, que se prometem repetir em todas as últimas segundas-feiras de cada mês.

Para além das conversas e das fotografias, foi também possível ir a jogo!

Comecei por um teste ao protótipo de Xodul, uma criação de Sílvia Rodrigues, com peças e alguns movimentos inspirados no xadrez mais tradicional, no shogi e no xiang-qi, mas com mais uns toques de originalidade. Um desafio para quem gosta de jogos abstratos, a dois, e a preto e branco!

Depois foi tempo de dar a descobrir Azul, um jogo que se vem tornando um favorito de muitos, pelas peças, pelo próprio mecanismo e, também, pela facilidade de aprendizagem e duração.

E, para terminar, experimentar Sagrada, que estava na lista já há algum tempo. Um jogo muito colorido, a respeitar a temática dos vitrais, com um conjunto de regras simples, mas de domínio não tão evidente, e umas pitadas de sorte à mistura, através dos inúmeros dados que constituirão os vitrais.

Há mais, no próximo mês!


Jogando o protótipo de Xodul

Ensinando o Azul

Experimentando o Sagrada


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27 de outubro de 2019

Em busca do conhecimento - Ep. 5: Na cadeira de Newton



Novamente em viagem, após meses de trabalho árduo. E se bem que goste das tardes, e das noites, passadas sobre os livros, escrevinhando e pensando, confesso que sentia falta da liberdade da viagem.

Agora, as paisagens iam-se desenrolando, vagarosamente, em direção a Norte. Sentia-se, no ar, a aproximação ao mar. Seguiu-se a travessia das águas da Mancha, o avistar dos penhascos brancos de Dover, por entre a neblina que se dissipava, e o desembarque já do outro lado.

Retomando o caminho sob terra firme, passei por Cantuária, com a sua catedral e o castelo, que ostentava os sinais da passagem dos séculos. Atravessei o Tamisa, a leste de Londres, por onde contava passar no regresso. Continuei, por entre colinas verdes de água, da água dos rios e da que frequentemente descia dos céus. Atingi, por fim, a paragem seguinte.

Trocara a cidade com uma Universidade, pela Universidade com uma cidade.

Estava em Cambridge. Edifícios cheios de história e de conhecimento, com as silhuetas recortadas ao pôr-do-sol, capelas, colunas e espiras, os pátios relvados, o rio e as pontes. Peterhouse College, remontando a finais do século XIII, Corpus Christi, King’s, Queen’s, St. John’s, ente outros. E, claro, Trinity College. Pisando o mesmo chão que Newton pisara, não há tantos anos!

A primeira palestra de Newton, como professor Lucasiano, teve lugar no Trinity College, em janeiro de 1670. Foi sobre a sua investigação em ótica (...). A audiência era pequena, ninguém veio à segunda palestra, e ele continuou a falar para uma sala vazia em quase todas as palestras que deu, ao longo dos dezassete anos seguintes. Depois disso, desistiu de toda a pretensão de ensinar, algo de que nunca gostara. (tradução livre a partir de *)

Os dilemas com que me vinha confrontando, cada vez mais, entre a busca e a transmissão do conhecimento.

A busca, exigente, intensa, incessante, absorvente, das respostas que trazem sempre novas perguntas. Saber, saber mais, saber primeiro, descobrir, desvendar, de alguma forma criar. Isolar do mundo para perceber o mundo.

A partilha, a transmissão do saber e do método, acender a chama, despertar o entusiasmo, inquietar o outro. Fornecer pistas, em vez de soluções, fazer ler e reler, demonstrar, debater, ouvir, saber ouvir, ensinar, repetir, fazer repetir.

Em que me tornaria, ao longo desta viagem, ao longo desta vida?

(continua)


Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.

(*) Remarkable Physicists - From Galileo to Yukawa, Ioan James, Cambridge University Press (2004).

21 de outubro de 2019

Em busca do conhecimento - Ep. 4: Longas jornadas de trabalho



Já conhecia a cidade. Os seus usos e costumes. Tanto os de dia, como os da noite. Sob a luz do sol, ou entre as sombras. Fruto de alguns meses de muito estudo e de algumas deambulações.

Mas havia que pensar no presente, e também no futuro próximo. Precisava de arranjar um expediente para aumentar os ganhos, que se vêm revelando justos para manter o nível de vida.

Uma parte daqueles destinar-se-ia, naturalmente, a adquirir livros. Não me era suficiente tocar nas suas capas, ou folhear as suas páginas. Precisava de os ter comigo, de os poder transportar o conhecimento e imaginação, de aumentar o número dos meus companheiros de viagem.

Uma outra parte seria necessária para preparar a próxima viagem, agora que a minha estadia em Paris se aproximava do fim.

Felizmente não era difícil, a alguém da minha condição e com os meus conhecimentos, de encontrar alunos necessitados de aulas particulares.

Temos também de levar em linha de conta o facto de muitos professores terem um rendimento auxiliar como advogados, pregadores, presidentes de colégios, membros de conselhos de universidade ou de faculdade, bibliotecários, professores particulares, etc. (*)

E foi assim que os meus dias se tornaram mais longos, entre os tempos na Universidade, as aulas particulares e cada vez menos tempos de ócio. Em compensação, teria mais volumes para transportar. E também uma bolsa um pouco mais recheada.

(continua)


Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.

(*) História da Universidade na Europa, Vol. II – As Universidades na Europa Moderna (1500-1800), Coordenação de Hilde de Ridder-Symoens, Imprensa Nacional Casa da Moeda (2002).

19 de outubro de 2019

Conjuntos de 6 - N.º 2 - Das cidades

Os Descobridores de Catan


Seis.

As faces de um dado.

Os lados do hexágono.

Fotografias sem comentário.

Reunidas sob um denominador comum.


Os Castelos da Borgonha


Alhambra


Squad Leader


Tokyo Highway


Solenia

13 de outubro de 2019

Em busca do conhecimento - Ep. 3: Et voilá, Paris!



Partira. Viajara. E chegara!

Chegara ao centro do meu mundo para os próximos tempos. A Universidade, a Sorbonne e os restantes colégios, o Observatório Astronómico, as bibliotecas. Habituava-me ao modus parisiensis de vida no colégio, entre os horários de levantar e deitar, os períodos de estudo, a leitura e a memorização, as conversas com os outros estudantes, os mestres, as refeições.

Começava também a conhecer a cidade. O Sena e as suas margens, a ilha e a catedral, as ruas e ruelas, as estalagens, as tabernas, as pessoas.

Não menos importante, pelo menos para mim, eram os momentos em que deambulava pelas tipografias e pelos livreiros, folheando quer os livros legais, quer, de modo mais furtivo, os livros que circulavam à margem.

“A cidade inteira age como um livro e os cidadãos caminham por ela lendo-a, embebendo-se de lições civis a cada passo que dão”. E. Darnton, Os Best-Sellers Proibidos da França Pré-Revolucionária, in Homens Bons.

Não sabia quanto tempo ficaria por aqui. Mas uma certeza tinha: voltaria a partir em busca de outras paragens, de outras vivências, de outras sabedorias. Talvez em busca, também, de mim próprio.

(continua)


Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.

Homens Bons (2015), Arturo Pérez-Reverte, Edições ASA.
História da Universidade na Europa, Vol. II – As Universidades na Europa Moderna (1500-1800), Coordenação de Hilde de Ridder-Symoens, Imprensa Nacional Casa da Moeda (2002).

8 de outubro de 2019

Elementar!



Gosta de uma boa trama policial, de seguir de perto a investigação, de reparar nas pistas, descobrir incongruências, antecipar-se aos protagonistas? Está preparado para ler os casos, ouvir testemunhos, registar factos? Já se imaginou na pele de um Sherlock Holmes ou do seu fiel companheiro Dr. Watson?

Se as respostas às questões anteriores são afirmativas, então é bem provável que goste de de viver os casos propostos em Sherlock Holmes Consulting Detective – The Thames Murders & other cases!

Este jogo, da autoria de Gary Grady, Suzanne Goldberg e Raymond Edwards, magnificamente ilustrado por Pascal Quidault, Arnaud Demaegd, Nerlac e Bernard Bitler, numa edição da francesa Space Cowboys, reinventa, de alguma forma, os livros-jogo de aventuras, nos quais a história vai sendo construída em função das ações que escolhemos, e que nos fazem saltar de um parágrafo para um outro.




Londres. 12 de março de 1988. Um corpo é encontrado. A investigação começa.

Não seremos Sherlock! Mas é ele quem nos convoca, nos apresenta o caso e nos manda em missão.

Somos um dos Irregulares de Baker Street. Gente da rua que vive nas sombras, observando e escutando, ajudando o famoso detetive. 




As primeiras informações sobre o caso, as circunstâncias da morte, os primeiros relatos, pessoas a contactar em busca de informações.

Sobre a mesa, o mapa de Londres, repleto de locais que se podem vir a revelar importantes, e também de becos sem saída.




Os jornais dos dias anteriores com as notícias da época, os eventos sociais, nascimentos, casamentos e mortes, a economia, o desporto, as artes, a cena internacional, as trivialidades, os classificados.

Permitirão juntar pistas, nomes, conhecimentos? Permitirão confirmar alibis? Levarão a motivos insuspeitos? Ou serão, apenas, irrelevantes para o caso?




O Diretório de Londres, com a lista alfabética de pessoas, instituições e moradas.

Musgrove, Lord Gordon, 79 NW, que é o mesmo que dizer 79 Noroeste.

Winchester Arms Co, 21 EC, East Central, sob o cabeçalho Gunsmiths.



Moradas a cruzar com o mapa.
Mapa a cruzar com moradas.
Medir distâncias e tempos.

O Rio Tamisa, o Parlamento, a Embaixada Americana, a New Scotland Yard.
Regent Street, New Oxford Street, High Holborn.

Nomes familiares a quem já por lá andou. Nomes que se tornam familiares ao longo da história, Nomes que se tornarão familiares ao longo da história, nesta Londres de há 230 anos.




O desenrolar do jogo é simples: escolhe-se um local, com base na informação disponível, para visitar ou para entrevistar alguém; procura-se o parágrafo correspondente no livro do caso; lê-se a nova informação; reflete-se e repete-se o processo.

Podemos sempre contar com algumas ajudas importantes, como Sir Jasper Meeks, o médico legista do Hospital de Saint Bartholomew, Porky Shinwell, o dono do Pub Raven and Rat, Langdale Pike, colunista social, ou o próprio Holmes, entre outros.

No final, há que comparar o nosso percurso dedutivo, e o resultado obtido, com a solução do Mestre. Ficaremos próximos?


A experiência começou em solitário, mas será, sem dúvida, mais divertida a dois ou a ou a três, cruzando opiniões, discutindo o que fazer, formulando hipóteses.

E depois de um caso resolvido, o que precisará, talvez, de um bom par de horas, há mais outros nove à espera! E depois de todos resolvidos, que tal ser narrador para um novo grupo de jogadores?

Um excelente jogo, que se lê, ou que se vai lendo, e conversando.

Anoitece em Londres.