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Dos seis aos sessenta
14 de janeiro de 2024
Um contínuo de descontinuidades
O tempo escoa-se no seu rimo constante e próprio. Alheado de alegrias e dificuldades. Como o movimento desta esfera de terra e de água, de gelo e de fogo. Rodopiando através do negrume do espaço. Em torno daquela estrela amarela, de meia-idade, a que chamamos Sol.
O tempo solavanca, cessa, e recomeça. Progride por degraus. Vinte e quatro depois de vinte e três. Janeiro depois de Dezembro. Um depois de trinta e um. Vira-se a página do calendário. O tempo é reposto enquanto continua a avançar.
Na terra dos jogos há um outro quadro temporal sobreposto a estes dois. Aqui, o tempo é marcado por projetos que começam e por projetos que acabam. Um após o outro. Um em paralelo com outros. Desde que regressei a esta terra, com outras roupagens, cada ano tem trazido mais e mais destas marcas.
A transição entre anos que ocorreu há um par de semanas não foi diferente. Continuando alguns projetos, começando outros, concluindo ainda outros.
Lendo e comentando uma versão quase final de um livro em preparação sobre a criação de jogos de tabuleiro sobre temas históricos, com o foco em jogos sobre conflitos e guerras. Uma área que aprecio deveras, e toda uma reflexão e aprendizagem durante o processo. Uma segunda experiência do género, após Wargaming Experiences II - Discussions, da autoria de Natalia Wojtowicz.
Escrevendo de raiz um novo livro de regras, para um jogo que será em breve numa plataforma de financiamento coletivo ao alcance dos vossos dedos. De um ficheiro em branco e uma sessão de aprendizagem do jogo às regras completas. Organizando e otimizando. Aperfeiçoando frases e palavras. Construindo imagens e exemplos. Procurando facilitar o processo de iniciação ao jogo, para quem o descobre pela primeira vez, e disponibilizar uma referência útil, para quem a ele regressar. Deixando que a criação brilhe por si. Um desafio sempre bem-vindo, que traz consigo uma grande liberdade de escolha.
Trabalhando nas fases finais de mais dois: Unconscious Mind da Fantasia Games, e Apex Legends: The Board Game da Glass Cannon Unplugged.
Fazendo trabalho de consultoria e edição para outro. Um jogo já financiado através de uma campanha muito bem gerida e com elevado sucesso no Kickstarter. Um jogo belo e com mecanismos de jogo intrigantes, repletos de espaços variados de decisão. No cerne do trabalho, uma discussão profunda sobre como melhor comunicar todas as facetas e nuances, de modo a suavizar a curva de aprendizagem e contribuir para a melhor experiência possível.
Editando um outro livro de regras. Este para um jogo de lançar dados e traçar, com algumas características de jogo narrativo, desenrolando-se num ambiente Lovecraftiano. Com muita liberdade concedida para a reestruturação, este pode ser a primeira de uma séria de colaborações abrangendo diferentes géneros. A seguir!
E uma nova tradução para português, fiel ao início desta caminhada. É sempre uma alegria contribuir para que chegam às mesas mais jogos em português e constatar a aposta das editoras num mercado nacional em crescimento. A colaboração com o estúdio belga de tradução The Geeky Pen é já uma das colaborações de mais longa data, e o portfólio de jogos traduzidos aumenta de ano para ano.
Haverá mais fragmentos para vir. Descontinuidades dentro de um contínuo.