19 de maio de 2019

Na RiaCon, em Estarreja



A RiaCon proporcionou algumas viagens no tempo, entre um passado, medido em décadas, e o presente, pronto a estrear, como todos os presentes costumam ser.

A manhã começou com um reencontro marcado, após qualquer coisa como 35 anos (!), com o Fernando Zamith, antigo parceiro e adversário nas competições oficiais de xadrez do distrito de Braga, em finais dos anos 70 e início dos anos 80.

Para assinalar a ocasião nada melhor do que uma partida de Petróleo, um jogo dessa mesma época. A capa da caixa e o tradicional aspeto sobre a mesa suscitaram foram suscitando vários “Ena, pá! O Petróleo!!”, de quem ia passando e conhecia esta ou outras edições.

Depois foi tempo de o Fernando se juntar ao torneio de Catan e, mais tarde, às sessões de Vilar de Mouros, um jogo da sua autoria.

Quanto a mim, sempre de máquina fotográfica pronta a disparar, era altura de dar um salto no tempo, para um dos jogos deste 2019.




Foi assim que fui convidado para me juntar a uma mesa em preparação para Escape Plane, um dos jogos recentes de Vital Lacerda.

Após o assalto realizado, há que conseguir recuperar o máximo do dinheiro, espalhado pela cidade, iludir a polícia em perseguição e atingir uma saída segura.

Como companheiros do crime, e rivais na fuga, Olavo, Adriano e Sérgio.




Muitas escolhas para fazer: visitar locais, recolher dinheiro, comprar equipamento de proteção, fazer contactos, desviar as atenções, tentar não se fazer notados, evadir a polícia, vigiar os rivais, planear a saída airosa, em local desconhecido de início.

E o tempo que é tão curto!

Para o final ficam outras decisões críticas. Sair mais depressa ou arriscar e tentar “faturar” um pouco mais. Segurança ou risco? Ambição? Ganância?

Acabei por sair. Salvo, mas não completamente são. Umas quantas feridas. Umas quantas notas. Longe do sucesso de outros assaltantes.




À tarde continuaram as viagens através do tempo e do espaço. Agora até ao Brasil de meados do século XIX.

Sobre a mesa o protótipo de Magnanimous, o jogo já em fase final de desenvolvimento. À volta da mesa o autor, Caetano Foschini, e Paulo, a bisar a experiência do protótipo.




De assaltante, de manhã, a barão proprietário de terras à tarde.

Aqui o jogo é, obviamente, outro: gerir recursos, exportar mercadorias, conter a Guerra do Paraguai, ganhar influência política, aprovar ou chumbar referendos, capitalizar na influência e capacidades de ministros, e subir, subir na escala da nobreza.

Com cartas e dados, muitos dados, para usar sem rolar.


Pelo meio, algumas conversas, uma olhadela às mesas bem preenchidas, aos jogos em exposição, às vendas em primeira ou segunda mão, às rifas.

E fotografias. Aqui ficam algumas.

Zauberei
El Grande











Tobago

Trickerion





On Mars
CO2, Second Chance














Wingspan
Crokinole






















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5 de maio de 2019

Viagens



Comecemos por viajar nas memórias de outra pessoa, que nos levam a 13 de abril de 1969:

No meu sexto aniversário acordei para encontrar o melhor presente que alguma vez tinha recebido. Ao lado da minha cama estava um enorme globo – tive de esfregar os olhos para ter a certeza de que era real! Eu sempre fora fascinado por mapas e pela geografia, as minhas histórias favoritas de infância era aquelas em que o meu pai contava as viagens de Marco Polo, Colombo e Magalhães. Começou com o meu pai a ler-me Conquistador dos Mares: a história de Magalhães, de Stefan Zweig. O nosso jogo favorito tinha-se tornado em retraçar ao redor do globo as viagens daqueles grandes exploradores.

Esta é uma tradução livre de um excerto de How Life Imitates Chess (2007), livro publicado pela William Heinemann.

E quem nos revela este deslumbramento pelas descobertas, por outros mundos, por recriar aventuras, por imaginar e por jogar, dá pelo nome de Garry Kasparov, um dos melhores jogadores de xadrez de todos os tempos.

Tendo nascido cerca de ano e meio depois de Kasparov, também eu me lembro de um globo de infância em que predominava o azul dos oceanos, em que estavam assinaladas rotas e datas de expedições. Através dos mares e dos continentes, descobrindo ilhas, viajando em direção aos pólos com Scott e Amundsen, descendo à fossa das Marianas ou subindo aos Himalaias.

Não posso deixar de pensar nesta curiosa proximidade entre Baku, capital do Azerbeijão (à data parte da União Soviética), e Guimarães, Portugal, no final dos anos 60. Bem como no mesmo fascínio pelos mapas e pela geografia, pelos jogos e pelo xadrez.




Mapas que me serviram, tantas vezes, de tabuleiros de jogo improvisados.

Linhas e pontos. Estradas e cidades. Estradas de cor vermelha, verde ou amarela. Permitindo diferentes deslocamentos. Povoações grandes, médias ou pequenas, permitindo acolher mais ou menos peças, atribuindo bonificações ou penalizações, sendo ponto de partida ou de chegada.

Tabuleiros.
Para corridas através da geografia.
Para simples alinhamentos.
Para perseguições.
Para batalhas.

Com etiquetas, personalizando as peças vindas de outros jogos. Com dados, marcando movimentos ou decidindo confrontos. E com caderninhos, para anotar posições, efetivos, resultados e datas.

Para viagens ao sabor da imaginação.