Esta semana recebi correspondência de dois dos meus estudantes, dos tempos de Paris e de Cambridge!
É à distância que vou acompanhando os seus estudos, os seus progressos, as suas explorações e, em breve, estou certo, as suas próprias descobertas. À distância e com o atraso que se deve, por vezes, à escrita das cartas e, mais frequentemente, ao tempo que estas demoram a chegar ao seu destino. A minha própria demanda, e a frequência com que troco de cidades ou mesmo de reinos, torna o acompanhamento ainda mais difícil.
Talvez um dia venha a ser possível conversar à distância, como estando na mesma sala …
Agrada-me pensar que ainda consigo guiá-los no caminho do conhecimento, agora mais através de pistas e de questões que coloco, do que transmitindo o meu saber. Como o meu mestre fez comigo.
O que Descartes fez foi um bom passo. Vós adicionastes muito de várias maneiras, e especialmente ao considerar as cores de placas finas. Se eu vi mais longe, foi por estar sobre os ombros de gigantes. Mas eu não questiono que tenhais feito várias experiências significativas, para além das que haveis publicado, e algumas, é bem provável, idênticas aquelas que cosntam das minhas publicações mais recentes (tradução livre a partir de *)
Colocando de parte o que pode ser uma fina ironia, própria da acrimónia que sei ter existido entre Newton e Hooke, e da preferência que tinham pela discussão privada sobre o debate público, prefiro substituir a imagem dos gigantes que nos antecederam, no caminho do conhecimento, por algo mais orgânico, pela imagem de uma árvore que cresce.
Uma árvore que vai crescendo, com novos ramos procurando a luz, folhas e até flores, sementes que voam com o vento, que alcançam novas alturas nas asas de um pássaro, e que na terra propícia originam novas árvores. Também ramos que morrem, folhas que amarelecem e caem, tornando-se parte da terra que sustenta.
Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.
(*) Koyré, Alexandre. “An Unpublished Letter of Robert Hooke to Isaac Newton.” Isis, vol. 43, no. 4, 1952, pp. 312–337. JSTOR, www.jstor.org/stable/227384.
(*) Koyré, Alexandre. “An Unpublished Letter of Robert Hooke to Isaac Newton.” Isis, vol. 43, no. 4, 1952, pp. 312–337. JSTOR, www.jstor.org/stable/227384.
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