Os nomes e os rostos desfilam na minha mente, como se de velhos conhecidos se tratassem. Cruzam-se comigo numa estante de biblioteca, num livro, numa lição, numa conversa, num discípulo, num rascunho à minha secretária. Noites e dias, meses, anos, décadas, séculos de conhecimento. Criado, anulado, recriado, negado, desenvolvido, acumulado, acrescentado, transmitido. Através do tempo e das geografias. Até nós. Até mim!
Philippus Aureolus Theophrastus Bombastus von Hohenheim, que provavelmente conheceis apenas pelo seu pseudónimo, Paracelso. Aprendeu com os monges, estudou na minha Alma Mater, Basileia, viajou, também ele em busca de mais. Cruzando a medicina, a alquimia, a física e a astrologia.
Galileu Galilei, que a partir de Pisa, Pádua e Florença, viu mais longe. Observou crateras na Lua, satélites em Júpiter e manchas no Sol. Um mensageiro sideral, Sidereus nuncius, como reza uma das suas obras. E viu diferente, tentando colocar a Terra, e os terrestres, no seu devido lugar, apesar do sistema e das crenças estabelecidas.
Blaise Pascal, enredado na matemática, no cálculo, no cálculo das pequenas partes. Teorizando sobre probabilidades, ao que parece a propósito de amigos e de questões sobre jogos. Sorte e azar, resultado, ganhos e perdas, o bom e o ótimo. Juntando mecânica e cálculo, numa máquina nova, La Pascaline. Prosseguindo trabalhos sobre pressão e vácuo, na senda de Torricelli.
Margaret Lucas Cavendish, Duquesa de Newcastle-upon-Tyne. Mulher pioneira neste mundo, sobretudo, de homens. A primeira a ser convidada para encontros da Royal Society. Naturalismo em vez de mecanicismo. Levando-nos sua ficção em Blazing World, com uma mulher como protagonista, a outros mundos, através do Polo Norte, com animais falantes e com submarinos.
Gottfried Wilhelm Leibniz, que começou por se dedicar ao estudo da matemática e da física, mas cujos interesses e contributos foram tão vastos que é difícil aqui enumerá-los. Talvez não saibam que foi bibliotecário, vivendo entre livros, procurando alargar coleções e também ordená-las. Racionalmente, filosoficamente, ele acreditava que este nosso mundo, criado como foi, não senão o melhor de todos os mundos possíveis.
Maria Margarethe Winkelmann, Kirch pelo casamento, apaixonada pela observação e pela astronomia, numa época em que muito do estudo e da ciência estava vedado às mulheres. Descobriu, ela própria, um cometa durante os seus trabalhos com o marido, astrónomo e matemático reputado. Nas palavras dele "O céu estava limpo e estrelado, de madrugada. Algumas noites antes eu observara uma estrela variável, e a minha esposa queria procurá-la e encontrá-la. Ao fazê-lo encontrou um cometa. Nesse momento acordou-me e eu verifiquei que era, de facto, um cometa. Fiquei surpreso por não o ter visto na noite anterior." (*).
Fahrenheit. Daniel Gabriel. Entre a ciência e a tecnologia, físico e criador. Desenvolvendo, testando, aperfeiçoando. Dando formas ao vidro, ele que sabia como o soprar. Fazendo instrumentos, preocupando-se com o rigor das medidas. Tendo tomado conhecimento de trabalhos sobre as propriedades do mercúrio, vislumbrou como melhor medir a temperatura, substituindo, nos termómetros, o álcool por este material.
Nomes, entre muitos outros, que vieram antes destes ou com eles.
Nomes, a que se seguirão muitos mais.
(continua)
Uma viagem à boleia de Newton, um jogo de Nestore Mangone e Simone Luciani, Ediciones Mas que Oca (2018) sob licença de Cranio Creations.
(*) Tradução livre a partir de https://thelifeofmariawinkelmann.weebly.com/a-comet-is-discovered.html
Consulta: Wikipedia
(*) Tradução livre a partir de https://thelifeofmariawinkelmann.weebly.com/a-comet-is-discovered.html
Consulta: Wikipedia
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