27 de janeiro de 2019

No tempo do Barão Vermelho


Manhã enevoada. O vento sopra, frio e húmido, vindo de Norte. Aperto o casaco de cabedal e ajusto as luvas. As botas pisam a relva, ainda molhada. Chego ao caminho de terra. Sobre a pista encontra-se o triplano, agora, vermelho. Uma última verificação. O toque habitual nas asas. Enfio-me no cockpit e coloco os óculos. Motor ligado. O pássaro trepida e avança, preparando-se para o voo. Podia ser apenas mais um treino, ou um passeio de fim de semana sobre os campos verdes. Suspiro. Estamos em 1917, e o Mundo está em guerra.

Se sair vivo desta guerra, terei tido mais sorte do que inteligência”, Manfred von Richthofen, mais conhecido como o Barão Vermelho.


Este é um jogo que recria os combates aéreos da Grande Guerra.
Sem tabuleiro, sem peças, sem mapas.

Ace of Aces usa apenas dois pequenos livros, um para cada piloto, preenchidos com imagens que mostram a visão a partir do posto de pilotagem.

E adota um sistema engenhoso de referências cruzadas, que permite ligar as páginas dos dois livros, e assim manter as vistas recíprocas, de um avião sobre o outro, quaisquer que sejam as manobras efetuadas.

Na versão mais simples das regras, que dispensa anotações ou registos em papel, é perfeito para jogar em viagem.

Com diferentes níveis de complexidade, e regras opcionais, é adequado para diferentes gostos e para uma abordagem episódica, ou sistemática.

Um jogo obrigatório, quanto mais não seja pela sua originalidade.


Olhando a partir de um avião aliado.

À frente, sobre a esquerda, o triplano alemão.

Sob o cockpit toda a gama de manobras possíveis, desde curvas simples a manobras acrobáticas ou a entrar em perda, a baixa velocidade ou a todo o gás.

E a indicação das referências de página a usar, em conjugação com a do adversário, para determinar a nova posição relativa dos aviões e, portanto, a nova página do livro.


Em linha de mira. Disparando.

Atingindo!

Sendo atingido!


Depois da introdução, é tempo de passar ao nível seguinte: a simulação do combate a bordo de alguns dos aviões da época.

Uma dúzia de modelos à escolha, cada um com diferentes capacidades de manobra e de velocidade! De um lado, a escolha recai entre os Nieuport (11, 17, 28) e os Sopwith (Triplane, Camel, Snipe). Do outro, entre os Fokker (D III, DR I, DV III) e os Siemens-Shuckert (D I, D III, D IV).

É toda uma nova aprendizagem, em que a escolha de uma ação está limitada pela manobra e velocidade anteriores. Inclinando o avião para a esquerda, por exemplo, impede que logo de seguida se vire à direita. Se se entrou em perda, não é possível efetuar imediatamente uma manobra a alta velocidade.

Mas não fica por aqui.

Para quem gostar de maior complexidade, há também regras avançadas. Adicionando a dimensão vertical, com subidas e descidas e o registo da altitude dos aviões. Ou em que é necessário determinar as consequências de cada tiro, podendo danificar as armas inimigas, afetar a capacidade de manobra, causar fuga de combustível, ou atingir o piloto.

E depois há ainda o modo de campanha, em que cada jogador tem uma esquadrilha, os pilotos ganham nome e evoluem em função dos resultados de cada combate. É altura de convocar von Richthofen, Georges Guynemer ou William Barker.


Agora, apenas nuvens.

Amanhã será um novo dia.

Leonardi, Alfredi, Ace of Aces - Richthofen, Manchester, USA, 1986: Nova Game Designs Inc. Emithill Limited.

2 comentários:

  1. Muito interessante! Eu a reviver as historias aos quadradinhos de Dogfight Dixon nos meus falcões...

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