29 de abril de 2019

Uma questão de barris



Início dos anos 70. Na Lua, o Homem caminha ao ritmo, das missões Apollo. Na Terra, o Homem guia, ao ritmo de um combustível barato. O preço do barril do West Texas Intermediate ondula, suavemente, pouco acima dos 20 dólares por barril.

Outubro de 1973. A Síria e o Egito atacam Israel, desencadeando a guerra do Yom Kippur. Os EUA apoiam Israel. Os Países Árabes Exportadores de Petróleo decretam um embargo petrolífero. O preço do petróleo dispara para os 55 dólares por barril.

https://www.macrotrends.net/1369/crude-oil-price-history-chart




Portugal, início dos anos 70. O litro da gasolina custa cerca de 7 escudos, a moeda nacional de então, valor que corresponde aproximadamente a três cêntimos do euro. Em 1974 custava já 5 cêntimos.

1973. Inicia-se a construção, em Sines, um porto de águas profundas, dotados de terminais para receção de produtos petroquímicos e de gás natural, entre outros.

A Karto lança o jogo Petróleo.

https://www.pordata.pt/Portugal/Pre%C3%A7os+m%C3%A9dios+de+venda+ao+p%C3%BAblico+dos+combust%C3%ADveis+l%C3%ADquidos+e+gasosos+%E2%80%93+Continente-1265




Petróleo. Um negócio bem oleado, com marcas reconhecidas, e outras menos conhecidas. Algumas delas, sob estas ou diferentes designações, faziam parte das Sete Irmãs que dominavam o mercado petrolífero na primeira metade do século XX: Esso, Mobil, Shell, BP. A que se juntam, Sonap e Sacor, precursoras da Galp.

Um negócio de milhões, traduzido em notas de 1 a 50 milhões de Kartos, a moeda local desta terra que não custa imaginar.

Milhões, também, de toneladas de petróleo, armazenado em depósitos de diferentes capacidades, e de diferentes rentabilidades. Mais as licenças de exploração, torres de prospeção, reservatórios de gás, camiões e, claro, petroleiros.

Há também cartas, que não estarão na manga, mas na mão e sobre a mesa, para definir o curso de ação, provocar movimentos, condicionar os rivais. E marcadores de posse, das companhias, ou assinalando a partilha com o estado ou a banca.




Cada carta jogada permite, haja dinheiro, adquirir novos bens, fazer novos investimentos. Mas também movimentar o marcador ao longo da banda lateral, num mecanismo semelhante ao do jogo da Bolsa, outro jogo sem dados, desencadeando eventos que afetam o jogador seguinte.

Compra de licenças de exploração ou de torres de prospeção. Pagamento de impostos vários. Avaria em petroleiros, acidentes com camiões cisterna ou incêndios em poços. Quebra no preço do petróleo. Confisco de licenças de exploração não utilizada. A temida nacionalização ou a ansiada reprivatização.

Junta-se a tudo isto a possibilidade de leiloar os direitos de adquirir infraestruturas, ao melhor preço, esperando que haja vários investidores interessados. E de fazer alianças pontuais, para melhor investir. Ou mesmo de se associar à banca, para conseguir adquirir um petroleiro.

E a cada volta do tabuleiro, a cada passagem na casa partida, aqui chamada passagem de ano, é tempo de fazer contas aos rendimentos obtidos: 20 milhões por um depósito de 6 MT, 12 por cada reservatório de gás, 5 por camião cisterna, 100 por um petroleiro. Muito mais do que a cada volta no Monopólio.




Primeiro há que obter licenças de exploração. Depois construir a torre para iniciar a prospeção. Finalmente instalar um reservatório de petróleo ou depósito de gás. Ao sabor das cartas, dos leilões e, sobretudo, dos custos e receitas de cada ativo. E, assim, a paisagem vai mudando.




Em terra, mas também no mar, onde o custo das licenças de exploração é menor e o de instalação de torres de prospeção é maior. Mas a isso pode obrigar a escassez de espaço em terra, a fortuna ou a vocação marítima de alguns magnatas.




Um jogo que é também uma boa base para introduzir novas regras, ao gosto de cada um, da produtividade dos furos à importância da contiguidade de infra-estruturas.

Um produto Karto, dos anos 70. Made in Portugal.

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