5 de abril de 2020

"Não pode haver bons especialistas de construção de civilizações"



Pode haver bons especialistas de pregar pregos; não pode haver bons especialistas de construção de civilizações.”, dissertava Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, a propósito da utilidade dos especialistas.

Quem diz civilizações, poderia também dizer cidades. Será uma questão de escala, e de algo mais, nestes pequenos mundos, grandes centros, que acolhem vidas inteiras, vidas transitórias.

Aceitemos o desafio de tentar construir cidades, a partir desta sala, confortável, agora mais isolada do mundo exterior, nestes tempos estranhos. Sem a tentativa vã, como dizia o engenheiro, de procurar ser um especialista na matéria. Ainda por cima tratando-se dos primeiros passos, sem competição com outros construtores, sem interação com outras cidades, sozinho. Bem, não completamente! Também por aqui anda Dale, o autómato, desenvolvendo a sua própria cidade.

As memórias desta cidade são já escritas noutro dia, na mesma sala, no mesmo isolamento, num dia cinzento, com a chuva a crepitar lá fora, agora já sem Dale, que se recolheu ao seu mundo, mas com a companhia dos James, em fundo, a música, essa constante.




O esboço inicial de cidade englobava os subúrbios, um parque comunitário e uma indústria pesada.

Durante a primeira fase de desenvolvimento antecipou-se o futuro crescimento residencial das cidades, acolhendo a Associação de Proprietários, aparecem os primeiros escritórios, devidamente suportados por uma superfície comercial de apoio, a estes e a futuros escritórios, dois lagos, criando uma separação com a zona industrial, e um aterro junto à fábrica.

A atividade gerada permitia um rendimento médio, o fluxo de caixa era confortável, o crescimento populacional reduzido.




“E depois vieram as escolas”, como no tema Telegraph Road, dos Dire Straits, um museu junto a elas, e mais uma zona residencial, trazendo mais gente para a cidade, expandindo-se para a leste, onde a superfície de água foi também crescendo.




A zona escolar e residencial continuou a expandir-se, com mais uma escola já de nível intermédio, um hostel, um bed & breakfast, uma residência sénior.

As pessoas continuavam a afluir à cidade, a sua população aumentou substancialmente, mas o crescimento foi estagnando e os custos passaram a dominar. Seria sustentável para mais uns tempos?
Não saberemos, a história desta cidade acaba aqui.




Alguns objetivos foram alcançados, face à cidade vizinha de Dale, o autómato, conquistando os prémios de maior construtor, menor receita e menor dinheiro em caixa. Foi tudo sendo investido para atrair a maior população, a medida de sucesso destes (e de outros) construtores de cidades. No final, com 120 pontos, o título de Architectural Engineer.

A cidade de Dale é muito diferente, contendo vastas áreas de escritórios, atividades comerciais e indústrias. A construção quase simultânea de dois casinos, pelos vistos uma atração do autómato, parece ter marcado um ponto de declínio: se bem que o rendimento obtido fosse muito elevado, tornando esta uma cidade rica, a quebra na reputação conduziu a um decréscimo acentuado na população, de que só em parte recuperou.

À espera da oportunidade de testar outros conceitos, com construtores humanos de cidades, fazendo jus ao lema: Vive na cidade de amanhã... HOJE!




Este é Suburbia, um jogo de 2012, da autoria de Ted Alspach, com trabalho gráfico de Klemens Franz e Ollin Timm, as regras para autómato de Dale Yu e editado pela Bézier Games, San José, Califórnia, Estados Unidos da América.

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