18 de abril de 2020

Conjuntos de 6 - N.º 3 - Das personagens

Saltlands, arte de Bazsó Lossonczy


Seis.

As faces de um dado.

Os lados do hexágono.

Fotografias sem comentário.

Reunidas sob um denominador comum.


Squad Leader. artista não identificado


Agricola, arte de Klemens Franz


Homes, Sherlock & Mycroft, arte de Pedro Soto


Magic the Gathering, arte de Johannes Voss


Blackout HongKong, arte de Chris Quilliams

9 de abril de 2020

Noite em tons de Azul



A noite continua a chegar após o dia. Dia 24, noite 24, d.c., de durante o confinamento. Uma noite em tons de Azul, não de azul, a cor, até porque lá fora chovia e as nuvens acentuavam o escuro, mas de Azul, o jogo de Michael Kiesling.

Poderia ter sido uma partida a quatro, não fosse o quarto elemento da casa ser um felino. E este, como é habitual nos gatos, passou do interesse inicial pelas peças que chocalhavam, e que muito bem saberia empurrar da mesa para o chão, a um certo distanciamento analítico dos humanos, com um certo ar de crítica e de superioridade, e terminando, finalmente e após pouco tempo, num sono no aconchego, apropriadamente confinado, da caixa do jogo. Toda a gente sabe, aliás, que essa é uma das principais razões para os jogos virem em caixas.

Ficamos assim três, eu e as duas companheiras permanentes destes tempos, para um dos nossos passatempos comuns, sempre presente ao longo da vida, ainda que em doses variáveis em função da disponibilidade e dos humores.

A escolha para a noite recaiu sobre Azul, adquirido há pouco mais de um ano e que rapidamente se tornou um dos frequentes sobre a mesa. É um jogo bonito, realizado sob a direção artística de Philippe Guérin, com peças que apetece manusear, muito rápido de preparar e com regras simples. Mais tático a dois, fazendo lembrar variações sobre o jogo de Nim, é um pouco mais imprevisível a três e, sobretudo, a quatro, uma vez que cada escolha de conjunto de azulejos condiciona as seguintes, e muito pode mudar até chegar a nossa vez.

O objetivo: obter o maior número de pontos, através da colocação de azulejos e da realização de determinados padrões (linhas completas, colunas completas, conjunto de cinco do mesmo tipo).

Hoje, é já outro dia. Ficam algumas imagens de ontem.


Em tons de azul e branco: um clássico.


Um lote disponível na fábrica, para escolha.


Cobrindo a superfície da parede.


“Hmmmm … não me parece a melhor opção.”

5 de abril de 2020

"Não pode haver bons especialistas de construção de civilizações"



Pode haver bons especialistas de pregar pregos; não pode haver bons especialistas de construção de civilizações.”, dissertava Álvaro de Campos, um dos heterónimos de Fernando Pessoa, a propósito da utilidade dos especialistas.

Quem diz civilizações, poderia também dizer cidades. Será uma questão de escala, e de algo mais, nestes pequenos mundos, grandes centros, que acolhem vidas inteiras, vidas transitórias.

Aceitemos o desafio de tentar construir cidades, a partir desta sala, confortável, agora mais isolada do mundo exterior, nestes tempos estranhos. Sem a tentativa vã, como dizia o engenheiro, de procurar ser um especialista na matéria. Ainda por cima tratando-se dos primeiros passos, sem competição com outros construtores, sem interação com outras cidades, sozinho. Bem, não completamente! Também por aqui anda Dale, o autómato, desenvolvendo a sua própria cidade.

As memórias desta cidade são já escritas noutro dia, na mesma sala, no mesmo isolamento, num dia cinzento, com a chuva a crepitar lá fora, agora já sem Dale, que se recolheu ao seu mundo, mas com a companhia dos James, em fundo, a música, essa constante.




O esboço inicial de cidade englobava os subúrbios, um parque comunitário e uma indústria pesada.

Durante a primeira fase de desenvolvimento antecipou-se o futuro crescimento residencial das cidades, acolhendo a Associação de Proprietários, aparecem os primeiros escritórios, devidamente suportados por uma superfície comercial de apoio, a estes e a futuros escritórios, dois lagos, criando uma separação com a zona industrial, e um aterro junto à fábrica.

A atividade gerada permitia um rendimento médio, o fluxo de caixa era confortável, o crescimento populacional reduzido.




“E depois vieram as escolas”, como no tema Telegraph Road, dos Dire Straits, um museu junto a elas, e mais uma zona residencial, trazendo mais gente para a cidade, expandindo-se para a leste, onde a superfície de água foi também crescendo.




A zona escolar e residencial continuou a expandir-se, com mais uma escola já de nível intermédio, um hostel, um bed & breakfast, uma residência sénior.

As pessoas continuavam a afluir à cidade, a sua população aumentou substancialmente, mas o crescimento foi estagnando e os custos passaram a dominar. Seria sustentável para mais uns tempos?
Não saberemos, a história desta cidade acaba aqui.




Alguns objetivos foram alcançados, face à cidade vizinha de Dale, o autómato, conquistando os prémios de maior construtor, menor receita e menor dinheiro em caixa. Foi tudo sendo investido para atrair a maior população, a medida de sucesso destes (e de outros) construtores de cidades. No final, com 120 pontos, o título de Architectural Engineer.

A cidade de Dale é muito diferente, contendo vastas áreas de escritórios, atividades comerciais e indústrias. A construção quase simultânea de dois casinos, pelos vistos uma atração do autómato, parece ter marcado um ponto de declínio: se bem que o rendimento obtido fosse muito elevado, tornando esta uma cidade rica, a quebra na reputação conduziu a um decréscimo acentuado na população, de que só em parte recuperou.

À espera da oportunidade de testar outros conceitos, com construtores humanos de cidades, fazendo jus ao lema: Vive na cidade de amanhã... HOJE!




Este é Suburbia, um jogo de 2012, da autoria de Ted Alspach, com trabalho gráfico de Klemens Franz e Ollin Timm, as regras para autómato de Dale Yu e editado pela Bézier Games, San José, Califórnia, Estados Unidos da América.